Conto do aluno Jhonny Antony, da EJA, período noturno.



De qual mundo são as mães?

    Chernobyl, Ucrânia, ano de 1986, morava um menino chamado Taylor, a alguns quilômetros de sua casa existiam usinas nucleares e sua mãe Cherry trabalhava em uma delas, uma casa simples, um menino alegre que como qualquer outro amava brincar e tinha desenhar como atividade favorita.
    Taylor sempre fora um menino feliz, mas estranhamente e de repente sua mãe lhe da à notícia de que ele teria que se mudar para a casa de seus tios, algumas cidades longe de sua linda e querida Chernobyl. Como se para Taylor já não fosse ruim o bastante ter que deixar toda uma vida para trás, o menino ficou ainda mais indignado por ter que morar justamente com seus tios que menos gostava, assim acabou por discutir com sua mãe, recusando-se a ir, mas nada que fizesse ou dissesse mudaria algo, ele teria de ir para onde sua mãe o mandasse.
    Sem muitas opções, cedeu e colocou-se contra vontade a arrumar suas malas para a viagem longa e cansativa que estava por vir. Ao fim do dia e início da noite, Taylor chega à casa de seus tios, exaurido, os cumprimentou, tentando esconder o desgosto por toda aquela situação. Seu tio Jacob era empresário, esnobe e egocentrista, sua tia Merry irmã gêmea de sua mãe Cherry, se igualava a ele, talvez ainda pouco pior, arrogante e egoísta, tudo naquela sala não parecia passar de teatro, um jogo de aparências, o garoto então disse precisar instalar-se e descansar, dirigiu-se a seu novo quarto, um misto de sentimentos, a raiva, a tristeza, revoltado por sua mãe tê-lo posto ali, tudo o que queria e precisava era de descanso após tão longo e duro dia.
    Taylor acorda na manhã seguinte e por alguns instantes imagina ainda estar em sua casa, mas ao se dar conta de que não aquilo não passava de imaginação volta a sentir raiva de sua mãe, não compreendia o porquê de ter de estar ali. Taylor então sai da cama, enfurecido, se apronta e desce para tomar o seu café da manhã, ao chegar à cozinha pode ouve sons semelhantes ao de prantos em um cômodo próximo, ele sem pensar duas vezes foi verificar, ao adentrar o quarto do qual ele pensou ter ouvido os tais sons, deparou-se com os rostos tristes de seus tios, chorando desesperados, teve medo e custou a tomar coragem para perguntar qual era o problema, mas antes que dissesse uma palavra seu tio o apontou a televisão, onde era noticiada a catástrofe nuclear ocorrida nas usinas de Chernobyl, toda a cidade havia sido atingida pela radiação, dia 26 de abril, sua mãe estava dentre os milhares de mortos, o menino colocou-se a chorar, inconsolável, chorou e chorou por uma noite inteira, sem descanso, desamparado.
    Muito tempo após o ocorrido, quando Taylor já havia tornado-se um homem, ele concluiu que, na verdade, sua mãe o havia mandado para a casa de seus tios justamente para poupa-lo da morte, pressentindo o inevitável, “Incrível como as mãe tem um sexto sentido” pensou, então teve a certeza de que no fim, sua mãe sempre fora uma grande heroína!.


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